A Baía dos Bomboteiros

Durante a Festa da Flor foi possível assistir ao lindíssimo projeto da “Baía dos Bomboteiros”, da autoria de Luís Miguel Jardim, um excelente encenador cujo trabalho tenho acompanhado. Esta representação da baía do Funchal, no início do século XX, retratava a realidade dos bomboteiros e dos rapazes da mergulhança. Mas quem são esses? Que nomes esquisitos...
Ouvi falar destes homens, pela primeira vez, pelas palavras da minha amiga Graça Alves, no seu livro “Constança, a surpresa”. Falava de uns homens que vendiam em barcos, e de uns rapazes que, em tempos de necessidade, se lançavam ao mar atrás de moedas.
A Madeira, sendo uma ilha, sempre esteve intimamente ligada ao mar e, tendo uma localização estratégica, era frequentemente local de paragem no caminho para terras distantes. Quem vinha a bordo precisava de se abastecer e pensa-se, por isso, que cedo começou esta prática. Porém, só no século XVIII aparecem as primeiras referências ao bombote.
Esquemas embarcações, apinhadas de mercadorias, cercavam os navios que faziam escala no Funchal e permaneciam ao largo, uma vez que ainda não havia o porto. Usando um dialeto próprio, que não raras vezes misturavas várias línguas, tentavam vender aos turistas os produtos típicos da região: vimes, bordados, vinho Madeira, frutas e flores, entre muitas outras coisas. Nesses barquinhos vinham também rapazes que mergulhavam para apanhar as moedas que os estrangeiros lançavam ao mar, antes que desaparecessem nas profundezas do oceano.
Com a construção do porto esta atividade extingiu-se mas permanece sempre viva na memória dos madeirenses.


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