A Festa das Santas Cruzes (2)
Na sexta-feira à noite o Cante sai em passeio. A noite enche-se desse som melancolicamente belo. As vozes juntam-se, percorrem as ruas e, de cruz em cruz, pela noite fora, vão cantando modas antigas que vivem há gerações na memória de quem as canta.
“Rosmaninho deixa o campo
Vem a ver a Santa Cruz.
Vem a ver lindos altares
Onde se encontra Jesus.
Ou a cruz está bem composta
Ou foi a fé que lhe eu pus.
Benditas sejam as mãos
Que comporam esta cruz.
Que Santa Cruz tão bonita
No altar de São João.
Não há-de ela estar bonita
Com tanta rosa em botão?
Que Santa Cruz tão bonita
No altar de São Manuel.
Não há-de ela estar bonita
Com tanta rosa em papel?
Toda a Cruz que é de promessa
Devia- a ver toda a gente
Que ela é feita na esperança
De curar quem está doente.” (Cante às Santas Cruzes, tradicional de Vila Nova de S. Bento)
Uma Santa Cruz é uma profissão de Fé. Quando alguém faz uma Santa Cruz deposita nessa árdua tarefa a esperança ou a gratidão de uma promessa feita. E só a fé justifica tão grande empreendimento. Muito tempo antes da festa há que preparar a divisão da casa escolhida para alojar a cruz: forrar as paredes de tecidos e rendas muitíssimo bem esticados, construir os altares, fazer flores e estrelas, plantar as searinhas no escuro, procurar rendas de tresmalho nos baús antigos...
No primeiro dia da festa é benzida. Está permanentemente alumiada pela velas, é visitada por todos aqueles que quiserem porque as portas da casa estão abertas e uma cruz de rosmaninho, em cima da porta, indica que nessa casa há uma Santa Cruz.
Os nossos antepassados não colocavam ao acaso os objetos que hoje conhecemos como parte integrante da Santa Cruz. Cada objeto tinha o seu simbolismo e a sua razão para estar naqueles belos altares.
A Bola simboliza o mundo, protegido pelos Anjos.
As Velas simbolizam a luz da fé na Cruz de Jesus. Também tinham a função de iluminar a Santa Cruz.
O Ouro simboliza a riqueza da família, oferecida à Santa Cruz durante as festas como forma de agradecer aquilo que de bom lhe aconteceu.
O Espelho simboliza a luz refletida da Santa Cruz que deve iluminar aqueles que a visitam.
As Searinhas simbolizam as colheitas, principal fonte de sustento das famílias
As Flores simbolizam a alegria presente na festa e embelezam a Santa Cruz.
O Rosmaninho, planta simples do campo, junta-se às flores e perfuma a Santa Cruz.
Está sempre presente, também, uma pequena salva com vinte grãos, e um rosário. Estes objetos são utilizados na Oração às Santas Cruzes, feita uma vez por dia.
Na conta que separa as dezenas reza-se:
“Luz Divina da Santíssima Cruz,
valha-nos a fé no Altíssimo Jesus.
Alma minha nascerás, viverás e morrerás
e ao Vale de Gesafate irás,
com Jesus te encontrarás,
mas também com Satanás,
que resposta lhe darás?
- Ó retirai-vos que da
minha alma não terás parte!
Hoje é o dia da Santíssima Cruz
e diz-se mil vezes Jesus, Jesus, Jesus…”
Por cada conta da dezena diz-se o nome de Jesus. Esta oração repete-se cinco vezes num rosário. Terminadas estas cinco vezes tira-se um grão. Quando tivermos retirado todos os vinte grãos teremos dito mil vezes “Jesus”.
“Rosmaninho deixa o campo
Vem a ver a Santa Cruz.
Vem a ver lindos altares
Onde se encontra Jesus.
Ou a cruz está bem composta
Ou foi a fé que lhe eu pus.
Benditas sejam as mãos
Que comporam esta cruz.
Que Santa Cruz tão bonita
No altar de São João.
Não há-de ela estar bonita
Com tanta rosa em botão?
Que Santa Cruz tão bonita
No altar de São Manuel.
Não há-de ela estar bonita
Com tanta rosa em papel?
Toda a Cruz que é de promessa
Devia- a ver toda a gente
Que ela é feita na esperança
De curar quem está doente.” (Cante às Santas Cruzes, tradicional de Vila Nova de S. Bento)
Uma Santa Cruz é uma profissão de Fé. Quando alguém faz uma Santa Cruz deposita nessa árdua tarefa a esperança ou a gratidão de uma promessa feita. E só a fé justifica tão grande empreendimento. Muito tempo antes da festa há que preparar a divisão da casa escolhida para alojar a cruz: forrar as paredes de tecidos e rendas muitíssimo bem esticados, construir os altares, fazer flores e estrelas, plantar as searinhas no escuro, procurar rendas de tresmalho nos baús antigos...
No primeiro dia da festa é benzida. Está permanentemente alumiada pela velas, é visitada por todos aqueles que quiserem porque as portas da casa estão abertas e uma cruz de rosmaninho, em cima da porta, indica que nessa casa há uma Santa Cruz.
Os nossos antepassados não colocavam ao acaso os objetos que hoje conhecemos como parte integrante da Santa Cruz. Cada objeto tinha o seu simbolismo e a sua razão para estar naqueles belos altares.
A Bola simboliza o mundo, protegido pelos Anjos.
As Velas simbolizam a luz da fé na Cruz de Jesus. Também tinham a função de iluminar a Santa Cruz.
O Ouro simboliza a riqueza da família, oferecida à Santa Cruz durante as festas como forma de agradecer aquilo que de bom lhe aconteceu.
O Espelho simboliza a luz refletida da Santa Cruz que deve iluminar aqueles que a visitam.
As Searinhas simbolizam as colheitas, principal fonte de sustento das famílias
As Flores simbolizam a alegria presente na festa e embelezam a Santa Cruz.
O Rosmaninho, planta simples do campo, junta-se às flores e perfuma a Santa Cruz.
Está sempre presente, também, uma pequena salva com vinte grãos, e um rosário. Estes objetos são utilizados na Oração às Santas Cruzes, feita uma vez por dia.
Na conta que separa as dezenas reza-se:
“Luz Divina da Santíssima Cruz,
valha-nos a fé no Altíssimo Jesus.
Alma minha nascerás, viverás e morrerás
e ao Vale de Gesafate irás,
com Jesus te encontrarás,
mas também com Satanás,
que resposta lhe darás?
- Ó retirai-vos que da
minha alma não terás parte!
Hoje é o dia da Santíssima Cruz
e diz-se mil vezes Jesus, Jesus, Jesus…”
Por cada conta da dezena diz-se o nome de Jesus. Esta oração repete-se cinco vezes num rosário. Terminadas estas cinco vezes tira-se um grão. Quando tivermos retirado todos os vinte grãos teremos dito mil vezes “Jesus”.
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