Lenda de Aldeia Nova de São Bento

A nossa história é como uma manta de retalhos. Dela fazem parte as histórias que vivemos, as que nos contaram, as que mais nos tocaram... Da minha manta fazem parte muitas, muitas histórias. Gosto de as ler, de as ouvir contar, e de guardá-las no coração. Enchem-me a alma, aquecem-me nos dias frios e confortam-me nos serões de inverno... como uma manta de retalhos.
Hoje vou contar-vos uma que me é particularmente querida, a lenda da minha terra: Vila Nova de São Bento. Foi-me contada pela minha professora primária (e hoje, amiga), a Dona Maria Justa. Mais tarde coube-me o papel de a transmitir e fiz um vídeo muito ternurento, com os meninos do Pré-escolar de Vila Nova, numa altura em que desenvolvi o projeto “Tocar, Cantar e Encantar” (que levava a música e as histórias a estas crianças), e que partilho convosco.
Mas chega de conversa... vamos à lenda.

Há muitos anos atrás havia três aldeias: a Abóboda, a Aldeia de Cabeço de Vaqueiros e a Aldeia da Fonte do Canto. Na aldeia de Cabeço de Vaqueiros vivia uma rapariga. Ela chamava-se Cristina e morava com a sua tia Cândida.
Um certo dia, a tia Cândida encontrou a Cristina a chorar e a rezar a São Bento. Depois de falar com ela, a velha senhora ficou a saber que a jovem não gostava do noivo, um espanhol chamado Gonzalez, e não queria casar com ele. Ela amava, há muito tempo, o Manuel da aldeia da Fonte do Canto.
O Gonzalez ficou furioso porque a Cristina não queria casar com ele. Pediu mais soldados espanhóis para prender o Manuel, que era o chefe dos camponeses portugueses. A luta entre os espanhóis e os camponeses aconteceu. Foi terrível e desigual.
A certa altura aconteceu uma coisa fantástica! Apareceu um vulto a ajudar os portugueses. Assustados, os espanhóis fugiram.
A boa notícia correu depressa. A tia Cândida foi contar à Cristina e ela perguntou:
- O Manuel, como está?
A tia respondeu:
- Um bocadinho ferido. Foi um herói!
A jovem foi ver o noivo e encontrou-o de braço ao peito, sujo mas feliz.
- Sabes, Cristina? O rei vai dar-nos dinheiro para construir uma aldeia nova. As nossas casas ficaram todas destruídas...
- Manuel, porque não chamar a essa aldeia, Aldeia Nova de São Bento? A ele devemos este milagre!
- Tens razão, Cristina! Isso é boa ideia!
E foi assim que nasceu a Aldeia Nova de São Bento. Muitos anos depois, passou a chamar-se Vila Nova de São Bento.
(Tradicional, escrita por mim com base na versão contada pela Dona Maria Justa)



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