A lenda da moura Salúquia

       A minha terra foi muito tempo habitada por árabes. No dia a dia ainda encontramos vestígios mouros, hábitos que o tempo não conseguiu apagar e que a memória preserva. Construções, sabores, sons... e palavras. Palavras que trouxeram até nós lendas de princesas mouras, dos seus príncipes, dos califas e dos cristãos que lhes tentavam conquistar terras. Uma dessas lendas é a da moura Salúquia.
        Salúquia era uma princesa moura, apaixonada pelo seu noivo, a quem esperava noite e dia na torre mais alta do castelo. O seu prometido chegaria a qualquer momento para celebrar as bodas. Mas as histórias de amor nem sempre têm finais felizes. Quando estava quase a chegar, a comitiva do noivo foi surpreendida pelos cristãos que há muito queriam anexar aquelas terras ao reino de Portugal. Foi uma carnificina tal que nenhum muçulmano sobreviveu à emboscada. Depois, os cristãos vestiram as vestes sarracenas e rumaram ao castelo.
          Do alto da torre, Salúquia esperava o seu amado, quando viu ao longe um grupo. O seu coração batia tão forte como o trotar dos cavalos. À medida que se aproximavam, a princesa já adivinhava o noivo, reconhecendo trajes mouros no grupo que enfim chegava. Feliz e não contendo a excitação por tão aguardada chegada, ordenou aos seus súbditos que abrissem as portas do castelo para receber tão querida comitiva.
          Mal entraram, os cristãos mataram todos os que com eles se cruzaram. Salúquia, percebendo que tinha sido enganada, subiu ao alto da torre, com as chaves do castelo na mão, e lançou-se no vazio.
          A partir desse dia, a cidade passou a ser portuguesa mas, para lembrar a moura que se matou por amor e para proteger o seu castelo, os conquistadores deram a essa bela localidade o nome de Moura.
Imagem retirada do site da Câmara Municipal de Moura

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