Senhor dos Milagres

   Hoje falo-vos de uma tradição muito querida para todos os machiquenses (e madeirenses, no geral), as festas em honra do Senhor dos Milagres. São festas diferentes, sóbrias, de silêncio, de memória dolorosa e de fé, de muita fé no Cristo que nos olha da Cruz.
     Mas de onde vem esta tradição?

  Há muitos anos atrás, uma imagem de Cristo crucificado era objeto de devoção por parte da população de Machico. Na sua pequena capela, era adorada por todos.
 Mas uma grande tempestade assolou aquela terra. As chuvas caíram, o leito da ribeira alargou e o dilúvio varreu Machico. As águas da aluvião levaram consigo tudo o que encontraram: pessoas, casas, animais... e a imagem do Cristo da capelinha. Aquele dia 9 de outubro de 1803 ficou para sempre gravado na História e na memória das gentes. A população, devastada pela morte, pela fome e pelo desespero, não tinha a quem recorrer, pois que até a imagem tinha sido levada para o mar.
    Porém, Deus prega partidas aos homens e eis que a imagem da Cruz foi encontrada por uma galera americana que passava e, com Cristo a bordo, não se conseguia afastar da ilha. Resolveram entregá-la na Sé do Funchal. A capela foi reconstruída no lugar onde terá sido rezada a primeira Missa na Madeira e, dez anos mais tarde, a imagem do Senhor dos Milagres regressou a casa, sob o olhar emocionado e devoto de todos os que assistiram a esse momento.

   É por isso que, todos os anos, a população de Machico (e de grande parte da Madeira), segue em procissão, numa extraordinária demonstração de fé, peregrinando lado a lado com o Senhor dos Milagres que segue no seu andor em forma de barco, pelas ruas escuras, iluminado pelo fogo de milhares de velas, pelos archotes e pela devoção do povo.

Imagem retirada do site do Diário de Notícias da Madeira

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